quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Como tratar os animais.



O etnólogo britânico Michael Appleby, consultor científico da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), não tem posições óbvias sobre a ética de nossas relações com os outros animais. Embora entenda que a espécie humana evoluiu caçando e comendo carne, Appleby entende que é preciso ter uma atitude de respeito diante dos bichos. Pesquisador da Universidade de Edimburgo, ele integra o comitê do governo britânico que regula atividades com animais. Ele defende o consumo de carne por necessidades nutricionais e não vê nada de errado em usar produtos de couro. Em entrevista à Época, explicou os limites de nossas atitudes:
Época: Ratos são mais inteligentes e sensíveis do que galinhas. Não deveríamos nos preocupar com o bem estar deles?
Appleby: Sim. É claro que eles nos criam problemas de saúde. Mas defendemos que o controle deve ser feito da forma mais humana possível, evitando venenos que geram morte lenta.
Época: E os peixes que pescamos? Tem sentimentos?
Appleby: Matamos 1 trilhão de peixes todo ano. Há evidências que eles sofrem e sentem dor. Nossa forma de matar os peixes em seu ambiente selvagem está errada.
Época: Mas é uma atividade bíblica. O apóstolo Pedro pescava. Comemos peixe na Semana Santa.
Appleby: É uma discussão complicada. As sociedades evoluem. Coisas aceitáveis no passado não o são o são mais hoje. Era comum operar crianças de três meses sem anestesia porque se acreditava que não sentiam dor.
Época: O senhor é a favor de melhoramento genético animal?
Appleby: Não usaria o termo “melhoramento” porque ele indica que há alguma melhora para o animal. Isso não é verdade. No Reino Unido, há pesquisas para cruzar determinados bovinos e conseguir vacas que produzem mais leite. Não está demonstrado que isso é melhor para o animal. Ao contrário, isso causa problemas de fertilidade e de envelhecimento precoce para o bicho.
Época: Por que o consumidor deveria se importar?
Appleby: A maioria das pessoas fica chocada quando sabe que uma vaca, que viveria até 25 anos, só é mantida na produção de leite por 5 anos. E depois é descartada, como um material usado. Como se uma vida pudesse ser jogada fora assim.
Leia aqui a íntegra da entrevista de Appleby.
(Alexandre Mansur)

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