quarta-feira, 10 de agosto de 2011

TSUNAMI QUE ATINGIU O JAPÃO CAUSOU RUPTURA DE ICEBERG.

Ambiente

Estudo da Nasa demonstra, pela primeira vez, conexão direta entre tsunamis e rompimento de geleiras. Evento foi observado em 'tempo real'


Cientistas da Nasa (agência espacial americana) descobriram que o tsunami causado pelo terremoto que atingiu o Japão em 11 de março de 2011 foi o responsável pela ruptura de um iceberg na Antártida. A informação foi publicada em um artigo no periódico Journal of Glaciology.

O desprendimento de gelo dos grandes icebergs já foi relacionado em estudos anteriores a eventos naturais distantes. Por isso, após o terremoto e o tsunami que castigaram as costas do Japão, Brunt Kelly, especialista do Goddard Space Flight Center, da Nasa, e seus colegas começaram a monitorar a Antártida.

Utilizando diversas imagens de satélite, os pesquisadores viram novos icebergs flutuando no mar pouco depois que resquícios do tsunami atingiram a Antártida. Cerca de 18 horas depois do terremoto, a 13,6 mil quilômetros de distância, os cientistas observaram quase em tempo real vários pedaços da geleira Sulzberger se desprendendo. Segundo registros históricos, a geleira não sofria uma ruptura há pelo menos 46 anos.

É a primeira observação direta que demonstra uma conexão entre os tsunamis e a ruptura de icebergs a milhares de quilômetros, segundo a equipe científica. "No passado vimos fragmentos de gelo e procuramos a fonte", disse Brunt. Dessa vez, deu-se o contrário: os pesquisadoras sabiam que o tsunami era um dos fenômenos mais importantes na história recente e que provocaria muitas ondas. "Olhamos primeiro a fonte", explicou.
(Com Agência EFE)

A IMPORTÂNCIA DE SABER OS NOMES.


dom, 07/08/11
por Paulo Coelho |
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Zilu perguntou a Confúcio:
— Se o rei Wen o chamasse para governar o país, qual seria a primeira providência?
— Aprender os nomes de meus assessores.
— Que bobagem! Isto é a grande preocupação de um primeiro-ministro?
— Um homem nunca pode receber ajuda do que não conhece – respondeu Confúcio.
— Se ele não entender a Natureza, não compreenderá Deus. Da mesma maneira, se não sabe quem está do seu lado, não terá amigos. Sem amigos, não pode estabelecer um plano.
Sem um plano, não consegue dirigir ninguém. Sem direção, o país mergulha no escuro, e nem os dançarinos sabem decidir com que pé devem dar o próximo passo.
“Então, uma providência aparentemente banal – saber o nome de quem vai estar do seu lado – pode fazer uma diferença gigantesca. O mal do nosso tempo é que todo mundo quer consertar tudo de uma vez só, e ninguém se lembra de que precisa de muita gente para fazer isso”.

VIVER NÃO É PECADO.

O rabino Elimelekh havia feito uma bela pregação, e agora voltava para sua terra natal. Para homenageá-lo e mostrar gratidão, os fiéis resolveram seguir a carruagem de Elimelekh até que ela saísse da cidade.
Em dado momento, o rabino parou a carruagem, pediu que o cocheiro seguisse adiante sem ele, e passou a acompanhar o povo.
-Belo exemplo de humildade – disse um dos homens ao seu lado.
-Não existe qualquer humildade no meu gesto, mas um pouco de inteligência – respondeu Elimelekh. – Vocês aqui fora estão fazendo exercício, cantando, bebendo vinho, confraternizando uns com os outros, arranjando novos amigos, tudo por causa de um velho rabino que veio falar sobre a arte da vida. Então, deixemos minhas teorias seguirem naquela carruagem, porque eu quero participar da ação.

Fonte de Pesquisa:  G1 - Paulo Coelho.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

HÁ 33 MIL ANOS, O INÍCIO DA "AMIZADE" ENTRE CÃES E HOMENS.

Crânio de um cão domesticado é achado nas montanhas Altai, na Sibéria

Crânio é considerado uma raridade porque ilustra o início da domesticação do cachorro, antes da Era do Gelo. A seta indica a parte retirada pela equipe para análise de datação por carbono

Crânio é considerado uma raridade porque ilustra o início da domesticação do cachorro, antes da Era do Gelo. A seta indica a parte retirada pela equipe para análise de datação por carbono (Divulgação/ Ovodov ND- Russian Academy of Sciences, Institute of Archaeology and Ethnography, Novosibirsk, Russia)
A amizade entre homens e cães pode ter começado há mais tempo do que se pensava: cientistas encontraram o crânio de um cão domesticado 33.000 anos atrás nas montanhas Altai, na Sibéria. O fóssil, relativo a um espécime que viveu antes da Era do Gelo, ocorrida há 20.000 mil anos, apresenta algumas das características de cães modernos. Um artigo sobre a descoberta foi publicado no periódico científico especializado PLoS ONE.
Segundo o artigo, o focinho tem tamanho similar ao de cães que habitavam a Groenlândia há 1.000 anos, e seus dentes se assemelham aos de lobos selvagens europeus que viveram 31.000 anos atrás. Isso indicaria um estágio muito preliminar de domesticação - e está longe de determinar se, naquele período, a lealdade do homem era recíproca.
Acredita-se que a domesticação do cachorro, o primeiro animal a conviver com humanos, foi um processo muito lento. A teoria mais aceita afirma que a aproximação se intensificou há cerca de 11.000 anos, junto com a agricultura. A partir daí as sociedades humanas passaram a ter excedentes de alimentos, atraindo alguns lobos mais mansos e menores. O homem oferecia comida, e o animal retribuía dando proteção contra predadores. Os mais dóceis foram 'adotados' pelos humanos que, por meio de seleção artificial, passaram a criar filhotes cada vez mais domesticáveis, até o ponto de se comportarem como os cachorros de hoje.
As raças caninas, contudo, são bem mais recentes. Estima-se que a mais antiga, com alguns milhares de anos de idade, seja o husky siberiano. A raça akita, do Japão, tem cerca de mil anos. Raças como o pastor alemão tem cerca de 300 anos e são frutos de seleção organizada por criadores especializados.
Fonte: Revista VEJA.

FÊMEAS ATRAENTES DE BABUÍNOS SÃO ALVO DE "BULLYING".

Comida não é o único motivo de discórdia entre fêmeas de um grupo
Pesquisadores mostram que sexo pode ter uma importância bem maior do que se imaginava entre fêmeas de babuínos
Pesquisadores mostram que sexo pode ter uma importância bem maior do que se imaginava entre fêmeas de babuínos (Thinkstock)
A beleza é um fardo pesado para uma fêmea de babuíno: o que a torna atraente e a coloca em um patamar elevado para a escolha do macho ‘boa-pinta’ também pode torná-la mais vulnerável à intimidação das rivais. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores do German Primate Center, na Alemanha, e da Zoological Society of London, na Inglaterra, fêmeas prontas para o acasalamento são alvos de bullying praticado por outras fêmeas do grupo. O tormento pode ser até duas vezes maior se a fêmea estiver sob a proteção de um macho.
"As fêmeas sexualmente receptivas são mais atacadas pelas 'colegas' que qualquer outra fêmea", diz Elise Huchard, autora do estudo publicado no periódico científico especializado Behavioral Ecology. Os resultados do trabalho revelam que o sexo tem uma importância muito maior na dinâmica social entre fêmeas de primatas do que pesquisadores especulavam anteriormente. "Ficamos surpresos com a descoberta."
Enquanto a maioria dos estudos com primatas deu atenção aos conflitos existentes entre machos, pouco foi pesquisado sobre o comportamento das fêmeas. Pensava-se que elas brigavam apenas por comida – filhotes e gestação pedem reservas maiores de energia -, e eles, por sexo. "Esperávamos que as fêmeas em busca de sexo fossem agressivas. A pesquisa mostrou que, na verdade, elas eram as vítimas."
Para chegar aos resultados, a equipe registrou 1.027 conflitos ocorridos com 27 fêmeas de babuínos de dois diferentes grupos no parque Tsobis Leopard, na Namíbia, por 18 meses. Fêmeas que esperavam filhotes eram realmente mais agressivas em função da busca por alimento, mas não eram alvos de agressão. As fêmeas que estavam prontas para o acasalamento se tornavam vítimas, mas não assumiam um comportamento agressivo. Uma explicação estaria na possibilidade de que o stress gerado por uma postura mais firme poderia interferir em uma futura concepção. Aturar o bullying e adiar a briga seria, enfim, uma maneira de garantir a procriação.
  Fonte: Revista VEJA.

NASA ACHA SINAIS DE FLUXO DE ÁGUA SALGADA EM MARTE.

Agência atribui manchas em encosta do planeta ao degelo sazonal. Descoberta abre possibilidade de encontrar microorganismos no planeta

Imagem combinou dados coletados em órbita com modelagens em 3-D para mostrar os fluxos que aparecem na primavera e no verão em uma encosta dentro da cratera Newotn, em Marte  
Imagem combinou dados coletados em órbita com modelagens em 3-D para mostrar os fluxos que aparecem na primavera e no verão em uma encosta dentro da cratera Newotn, em Marte (Divulgação/NASA/JPL-Caltech/Univ. of Arizona)
A Nasa anunciou nesta quinta-feira a descoberta de manchas superficiais escuras e longitudinais em encostas de Marte que poderiam ser formadas por água salgada. Elas surgem em temporadas de calor e desaparecem no inverno.
"A melhor explicação para estas observações até agora é fluxo de água salgada", disse Alfred McEwen, da Universidade do Arizona em Tucson, nos EUA, autor do artigo publicado nesta quinta-feira no periódico Science. "Estamos muito contentes com esta descoberta", assinalou.
A descoberta foi feita graças à análise de uma série de imagens obtidas pelo Experimento Científico de Imagens de Alta Resolução (HiRise) do Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, na sigla em inglês, que explora Marte desde 2006).
Observações repetidas foram realizadas para verificar a ocorrência sazonal deste fenômeno em vários pontos do hemisfério sul do planeta por um período de aproximadamente três anos marcianos — um ano marciano equivale a 687 dias na Terra.
De acordo com os pesquisadores, a salinidade diminui a temperatura necessária para a água congelar naquelas condições, possibilitando que ela assuma sua forma líquida. A água pura congelaria na superfície de Marte —  gelo já foi detectado em regiões de latitude média e alta do planeta, perto da superfície.
Vida? — A descoberta da Nasa não é prova definitiva da presença de água líquida na superfície do planeta. Lisa Pratt, bioquímica e geóloga da Universidade de Indiana, assinalou que ainda se trata de uma hipótese, mas se houver a confirmação de água em estado líquido, abre-se a possibilidade de encontrar microorganismos no planeta vermelho.
(Com agência EFE)
 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

FILOSOFIA : LIVROS DIDÁTICOS EM 2012 NA REDE PÚBLICA


DE VOLTA À ESCOLA
No ano que vem, as escolas da rede pública receberão pela primeira vez, desde a ditadura, livros didáticos da disciplina para orientar o trabalho dos professores

Escultura O Pensador, do artista francês Auguste Rodin
Brasília – A filosofia vai voltar, na prática, para o conteúdo curricular dos alunos de ensino médio, depois de 47 anos fora dos currículos das escolas de educação básica no país. No ano que vem, as escolas da rede pública receberão pela primeira vez, desde a ditadura, livros didáticos da disciplina para orientar o trabalho dos professores. Foi o regime militar que baniu a filosofia das escolas.
Em 2008, uma lei trouxe de volta a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias para os estudantes do ensino médio. A professora Maria Lúcia Arruda Aranha ensinava filosofia em 1971 quando a matéria foi extinta pelo governo militar. Hoje, é uma das autoras dos livros que foram selecionados para serem distribuídos aos alunos da rede pública pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
“Ela desapareceu [a filosofia nas escolas] na década de 70 e reapareceu como disciplina optativa em 1982. Mas, nesse meio tempo, eu continuava dando aula em escola particular. A gente ensinava, só que o nome da matéria não podia constar como filosofia”, lembra.
Ela avalia que o país “demorou demais” para incluir as duas disciplinas novamente entre as obrigatórias e ainda falta “muito chão” para que elas sejam ministradas da forma adequada. Ainda faltam professores formados na área já que, por muito tempo, não havia mercado de trabalho para os licenciados e a procura pelo curso era baixa. Em 2009, 8.264 universitários estavam matriculados em cursos superiores de filosofia – 78 vezes menos do que o total de alunos de direito.
Muitas vezes são profissionais formados em outras graduações como história ou geografia que assumem a tarefa. Os livros didáticos devem ajudar a orientar os docentes no ensino da filosofia. “O livro é muito importante porque dá uma ordenação do conteúdo e propõe como o professor pode trabalhar os principais conceitos, como o que é filosofia e a história da filosofia. Mesmo o aluno formado na área, às vezes, não está acostumado a dar aula para o ensino médio, não tem dimensão de como chegar ao aluno que nunca viu filosofia na vida”, explica.
A história da filosofia, as ideias dos principais pensadores como Platão, Kant e Descartes, servem de base para ensinar aos jovens conceitos básicos como ética, lógica e política. Mas Maria Lúcia ressalta que é muito importante conectar o conteúdo com a realidade do aluno para que ele “aprenda a filosofar”.
“O professor deve apresentar o texto dos filósofos fazendo conexões com a realidade daquele tempo em que o autor vive, mas também estimular o que se pensa sobre aquele assunto hoje. Isso desenvolve a capacidade de conceituação e a competência de argumentar de maneira crítica. Ele aprende a debater, mas também a ouvir”, compara.

Emoção estimula compartilhamento de conteúdo na WEB.


(Foto: Thinkstock)
Título original: Arousal Increases Social Transmission of Information
Publicação: Psychological Science
Quem fez: Jonah Berger
Instituição: Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos
Dados de amostragem: dois grupos de estudantes, um com 93 pessoas e o outro com 40
Resultado: Conteúdos que provocam emoções como medo, raiva e excitação tendem a ser mais compartilhados na internet
O homem sempre compartilhou informações, notícias e histórias. Aparentemente, a internet potencializou nossa capacidade de espalhar conteúdos em rede. Para entender esse fenômeno, Jonah Berger, professor da Universidade da Pensilvânia, desenvolveu um estudo baseado em notícias compartilhadas a partir do jornal The New York Times. De acordo com suas hipóteses, conteúdos de apelo emotivo têm mais chances de ser compartilhados do que outros mais factuais ou “neutros”.
Para o cientista, cuja pesquisa foi publicada no periódico Psychological Science, quando excitados fisicamente, os usuários de internet tendem a ser mais sociais. Algumas emoções, garante Berger, também aumentam as chances de um link, imagem ou vídeo ser reverberado na internet. Durante estudos preliminares, usando como referência a lista de notícias mais enviadas por e-mail no jornal, o acadêmico percebeu que não só textos com mensagens positivas eram compartilhados, mas também conteúdos que evocavam sentimentos de raiva e ansiedade.
Para provar a teoria de que a excitação promove o compartilhamento de informações, Berger conduziu dois experimentos. No primeiro, 93 estudantes assistiram a vídeos que os deixaram ansiosos ou compenetrados (alta estimulação); tristes ou contentes (baixa estimulação). Em seguida, os voluntários foram expostos a reportagens consideradas emocionalmente neutras. Quando o acadêmico perguntou o que os voluntários gostariam de mostrar a amigos e familiares, os conteúdos de alta excitação apareceram em primeiro lugar.
O segundo experimento contou com 40 voluntários. Berger propôs que metade permanecesse sentada e que a outra metade corresse por um minuto, atividade que aumenta a excitação. Em seguida, pediu para que todos os voluntários lessem artigos emocionalmente neutros e os enviassem a amigos e familiares. Outra vez, o cientista percebeu que os estudantes agitados – o exercício físico provoca a mesma sensação de uma forte emoção – eram mais propensos a compartilhar o conteúdo do que os participantes sedentários.
- O que já se sabia sobre o assunto.
Para Alex Primo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a pesquisa americana não traz grandes novidades. “Isso é o que vemos todos os dias, principalmente na publicidade”, explica o especialista. “As propagandas criam diferentes sensações no intuito de que passemos o conceito da marca adiante”, completa.
O acadêmico acrescenta, contudo, que não basta produzir um texto e supostamente recheá-lo com emoção para que ele se transforme em um viral. Mesmo no marketing de guerrilha, onde o objetivo é criar memes, a fórmula nem sempre funciona. Muito pelo contrário. Do total de trabalhos executados, uma pequena parcela ganha dimensão estratosférica na web.
Especialista: Alex Primo é professor da UFRGS, mestre em Jornalismo pela Ball State University e doutor em Informática na Educação
Envolvimento com o estudo: É autor do livro Interação Mediada por Computador: Comunicação, Cibercultura, Cognição

Alemanha: O Átomo e a Bactéria.


Klakar, o projeto de usina nuclear que virou parque de diversão
Desde 1969, quando a primeira usina atômica alemã entrou em operação, a energia nuclear nunca matou uma mosca no país. Ajudou sim, a Alemanha aniquilada na Segunda Guerra tornar-se a principal economia da Europa, motor de desenvolvimento industrial com fundo benemérito para amenizar crises financeiras e monetárias dos vizinhos. Em contrapartida, quando o governo da chanceler Angela Merkel, em uma reviravolta de 180 graus nas suas convicções, decidiu desativar gradualmente toda produção nuclear desligando as 17 centrais do país até 2022, mais de trinta alemães morreram em menos de 20 dias devido à ação de uma cepa nociva da bactéria Escherichia coli – o foco são brotos de feijão, segundo o Instituto Robert Koch.
A primeira lição de fácil aprendizado demonstra nas últimas quatro décadas o singular movimento dos ambientalistas alemães cujo fervor lembra o de uma seita verde e a ação flerta com  a sabotagem e a coerção, empenhando mais força no combate  à fonte inofensiva que faz funcionar as geladeiras do que  ao conteúdo letal que elas eventualmente conservam. A outra, menos prosaica, desrespeita fronteiras. Independente do ideário, alguns políticos escolhem a demagogia no lugar do comprovado, na razão direta do aumento das chances de permanecerem no governo. Neste particular, o oportunismo não aparta a fome e a vontade de comer, mas incentiva a falsa idéia de que ambos são exatamente a mesma coisa.
Merkel tenta conter o avanço eleitoral da oposição, o Partido Verde e o Social Democrata, que tomou o acidente nuclear em Fukushima como munição da hora contra a eletricidade produzida a partir do átomo para chegar à frente das eleições em 2013. A classe política alemã surfa na onda do temor da população de acontecer em casa algo semelhante ao que se viu alhures – 250 000 alemães foram às ruas para pedir o fim da produção de energia de origem nuclear. O receio tem fundamento? Ele é compartilhado? Quais são suas consequências? Vejamos nos parágrafos seguintes.
A usina de Daiichi, em Fukushima, ficou de pé apesar dos abalos sísmicos e do tsunami de intensidade nunca antes registrada. Os compartimentos dos três reatores não foram danificados pela fúria da natureza, mas porque o sistema de refrigeração deixou de operar provocando o derretimento das barras de combustível nuclear. Se o sistema  de refrigeração estivesse protegido pelos envelopes de cimento armado e aço como os reatores, a central nuclear japonesa estaria funcionando até hoje.
Seria insatisfatório do ponto de vista lógico atribuir à energia derivada do urânio a responsabilidade do controle de segurança inadequado, a terceirização de serviços em um setor tão sensível. Sobretudo, não vem do urânio a fragilidade de coordenação das instâncias públicas e privadas pouco habituadas a operar de forma transparente, situação que permitiu dissimular falhas operacionais como no caso japonês.
Um acidente de avião não coloca em questão os benefícios trazidos pelo transporte aéreo. Voar é progresso e necessidade, imperativo ainda que implique o desafio permanente da Lei da Gravidade. O que se recomenda depois dos acidentes de qualquer natureza é a implementação de medidas preventivas e reguladoras como monitoramento efetivo. Países como os Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e até a Ucrânia, onde está Chernobyl, palco do maior acidente nuclear, não tem planos para abandonar ou reduzir a produção de energia nuclear para fins pacíficos.
Para alguns países a carência de alternativas energéticas para impulsionar o crescimento econômico e, simultaneamente, reduzir a emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera faz da energia nuclear fonte incontornável e de difícil substituição. Na França, onde 75% da eletricidade vem das centrais nucleares, o custo de produção do megawatt por hora é de apenas 45 euros. Em contrapartida,  gasta-se 80 euros para produzir um megawatt por hora através de fonte eólica terrestre e se as torres gigantes dos moínhos modernos estiverem no mar, o megawwatt por hora sai por 150 euros. A energia solar é quase cinco vezes mais cara, 200 euros o megawatt por hora. E devido à sua condição intermitente, toda energia renovável precisa ser combinada com uma base energética constante. Ninguém confia em um hospital cuja a eletricidade depende exclusivamente de quando  bate sol ou  sopra o vento.
O caso da China é ainda mais eloquente para contrariar a percepção de que a decisão alemã fez o nuclear entrar em tempos sombrios. O que se assiste no país que mais cresce economicamente é uma espécie de renascimento do átomo como fonte geradora de energia. Até 2020, prevê-se que a capacidade de produção nuclear chinesa vai passar dos atuais 10, 1 gigawatts para 63,3 gigawatts. Aliás, quando a Alemanha desligar sua ultima central atômica, o resto do mundo estará produzindo mais de 30% do que hoje de eletricidade derivada do urânio.
A escolha alemã da qual vão a reboque Suíça e Itália vai tornar a conta de eletricidade para o consumidor final mais cara – o alemão já paga duas vezes mais que os vizinho francês. O país irá depender da compra de energia da França, o hub atômico europeu, e do gás russo que, por sua vez, fluirá como rege a tradição, de acordo com o humor dos ocupantes do Kremlin, doravante com um formidável meio de pressão política. O aumento da importação de carvão natural pesará na balança comercial alemã.
Jürgen Grossmann, presidente da gigante RWE, uma das cinco maiores companhias de fornecimento de eletricidade e gás da Europa com 70 000 empregados escreveu à chanceler Merkel reclamando de medidas de uma “eco-ditadura”. Em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung, Grossman alertou: “A desindustrialização da Alemanha não virá de uma vez, será um processo gradual, mas em breve teremos que lidar com uma economia sem alguns setores industriais chaves, companhias como a BASF e Thyssen-Krupp não estarão aqui mais.”
Previa-se que os alemães iriam reduzir em 2020 a emissão de gases de efeito estufa em 40% em relação ao nível de 1990. Agora, as previsões mais otimistas não vão alem de 33%, segundo Stephan Kohler, chefe da Agência Energética da Alemanha. O fim das usinas nucleares na Alemanha responsáveis por 23% da eletricidade do pais e um lucro de 7,5 bilhões de euros  representará um acréscimo de 370 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
A dramática mudança na política energética alemã transformará a paisagem do país para pior com a construção de termoelétricas, torres eólicas, energia solar e não menos onerosas para o bolso da população: 3 500 quilômetros de linhas de transmissão. A capacidade de armazenamento atual deverá ser multiplicada por 500. A Alemanha renunciou definitivamente à sua independência energética e, por conseqüência, de modelo econômico de sucesso invejado, em troca de um princípio duvidoso.
Por Antonio Ribeiro

Metade da Europa Ocidental é parente

Genética

Já entre os egípcios, menos de 1% da população pertence ao grupo genético do faraó que viveu há 3.000 anos

Réplica da tampa do sarcófago do faraó egípcio Tutâncamon
Réplica da tampa do sarcófago do faraó egípcio Tutâncamon (Reuters/Latinstock)
Metade de todos os homens da Europa Ocidental é 'parente' do antigo faraó egípcio Tutancâmon. É o que aponta o estudo de cientistas de um centro de genealogia na Suíça, que reconstruíram o perfil genético do faraó que comandou o Egito há 3.000 anos, seu pai, Akhenaten, e o avô Amenhotep III.
Os resultados mostram que Tutancâmon pertenceu a um grupo de perfil genético conhecido como R1b1a2, o mesmo de metade dos homens da Europa Ocidental —  70% no caso de britânicos e espanhóis e 60% no dos franceses. Isso quer dizer que todos esses indivíduos compartilham um mesmo ancestral.
Com tantos parentes na Europa, é de se imaginar que a maior parte do Egito, terra natal do antigo faraó, também seja 'parente' de Tutancâmon. Mas não. Menos de 1% dos egípcios pertencem ao mesmo grupo genético, de acordo com iGENEA, o centro suíço que realizou o estudo.

Os especialistas acreditam que o ancestral comum viveu no Cáucaso, uma região na fronteira da Ásia com a Europa, há 9.500 anos. Estima-se que a migração do grupo R1b1a2 para a Europa começou com a disseminação da agricultura há 9.000 anos. Contudo, os pesquisadores não sabem como a linhagem paterna de Tutancâmon foi parar no Egito. Agora, o iGENEA está utilizando exames de DNA para procurar os parentes vivos mais próximos do faraó egípcio.
(Com Agência Reuters)

Alcoolismo: Genético ou Ambiental?


Estudos de gêmeos, filhos adotivos e modelos animais já mostraram que o alcoolismo tem um componente genético. Um dos estudos mais interessantes a esse respeito foi feito com macacos Vervet do Caribe. Quando expostos ao álcool, alguns desses macacos se tornam alcoólatras, outros recusam bebidas alcoólicas enquanto a maioria bebe moderadamente, um comportamento comparável ao humano – o que comprova o componente genético no consumo de álcool.
O modo de herança proposto é o multifatorial, ou seja, a interação entre genes de susceptibilidade e o ambiente. Achar genes de susceptibilidade para características de herança multifatorial não é fácil. Exige amostras gigantescas muito bem caracterizadas. Um estudo como esse, do qual participaram autores de vários países da Europa, foi publicado em abril deste ano na revista PNAS (Proceeding of the National Academy of Sciences, vol. 108 no. 17, 7119), envolvendo mais de 47.000 pessoas.
O impacto do alcoolismo
Estima-se que, em países desenvolvidos, 9% das doenças estejam associadas ao alcoolismo – incluindo algumas formas de câncer, doenças cardiovasculares, cirrose hepática, doenças neuropsiquiátricas, injúrias causadas por acidentes e síndrome do álcool fetal, entre outros. Embora os hábitos de consumo de álcool sejam principalmente socioculturais, estima-se que fatores genéticos contribuam em aproximadamente 40% para o desenvolvimento do vício. Identificar genes associados ao alcoolismo, portanto, pode ser muito importante para atuar na prevenção.
Como foi feito o estudo?
Os autores analisaram os hábitos de consumo de álcool em 26.316 indivíduos de 12 populações da Europa. Encontraram um gene, AUTS2, que estava associado ao alcoolismo. Para confirmar os resultados, os autores estudaram uma segunda amostra de 21.185 indivíduos.
Qual a função do gene AUTS2?
A função desse gene ainda é pouco conhecida, mas sabe-se que ele tem papel evolutivo importante no desenvolvimento neuronal de várias espécies, desde a drosófila – a famosa mosquinha da fruta – até o camundongos e os seres humanos. Ele tem sido muito estudado em autismo, em pessoas com déficit cognitivo e mais recentemente na síndrome de déficit de atenção.
Qual foi o passo seguinte?
Em seguida, os autores analisaram o cérebro de camundongos com alto consumo de álcool, em comparação com aqueles com baixo consumo, e confirmaram mais uma vez o envolvimento desse gene. Finalmente estudaram o tecido cerebral em autopsias de 96 pessoas e confirmaram uma associação entre a expressão desse gene e o consumo de álcool. Além disso, observaram que ao diminuir a expressão desse gene em drosófilas, elas se tornavam menos sensíveis aos efeitos do álcool. Cá entre nós, não tenho a menor idéia de como se mede a sensibilidade ao álcool em mosquinhas de fruta, mas isso é ignorância minha. Deve haver métodos para isso.
É importante deixar claro que esse é um dos vários genes envolvidos no alcoolismo e que mesmo que haja um componente genético o consumo de álcool ainda depende mais de fatores socioculturais. Portanto, se você exagera na bebida, nada de culpar seus genes.
Por Mayana Zatz

Já falou de... com seus filhos?

Há três semanas, recebi um e-mail do pai de uma aluna que agradecia pelo fato de ter despertado o empreendedorismo em sua filha. Ela realmente tinha sido uma das melhores da classe. E a novidade é que parecia estar muito mais engajada no negócio da família.
Notei algo semelhante em Babson College há duas semanas. Conheci a Catherine Portner, uma aluna de MBA que planejava reerguer o negócio do seu tataravô.
O problema é que o tal negócio, a cervejaria Robert Portner Brewing Co, tinha fechado as portas em 1915, diante da Lei Seca, e nenhum dos seus familiares teve interesse em retomá-la.
Será que Robert Portner não teria ficado decepcionado com seus filhos que não levaram o seu negócio adiante, como fizeram os familiares dos seus concorrentes? Imaginei que isto também fosse parte da preocupação do pai da minha aluna e de muitos outros pais, empreendedores ou não, a respeito do futuro profissional dos seus filhos.
Mas até que ponto educamos nossos filhos para que sejam realmente empreendedores? A imensa maioria dos pais se preocupa em programar seus filhos para serem bons empregados, e não bons empreendedores de suas carreiras profissionais, em um momento em que o emprego se torna cada vez mais momentâneo, frágil e impessoal.
Mas será que podemos incentivar o comportamento empreendedor em nossos filhos? Muitos empreendedores acreditam que sim.
Salim tinha 8 anos quando pediu uma bicicleta ao pai. Para sua surpresa, recebeu dois sacos de laranja e um canivete. Foram para a frente do estádio de futebol da cidade para vender laranjas descascadas. No final do dia, Salim foi contar o dinheiro.
"Aprendi a comprar a bicicleta e o que mais quisesse na vida", diz Salim Mattar, fundador da Localiza Rent a Car. Com isto, aprendeu a se virar em qualquer situação. Meyer também tinha mais ou menos a mesma idade de Salim quando ficou sabendo que precisava usar óculos. Ele e seu pai foram a uma ótica para consultar o preço dos óculos desejados.
Já na segunda ótica, ele fica radiante ao falar para o pai, na frente do vendedor, que os mesmos óculos estavam muito mais baratos do que na primeira loja. Seu pai o tirou da loja para lhe dar a maior bronca da sua vida. Ia começar a negociar um preço melhor com o vendedor, quando o menino atrapalhou seu plano. Com isto, Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, aprendeu a comprar.
Ainda menino, Alair ficava maravilhado em ver como seu tio, dono de um mercadinho, apresentava o arroz que vendia a granel para suas clientes. Ele espalhava uma amostra sobre um tecido azul escuro que destacava a brancura do arroz.
A qualidade do produto ficava nítida e era vendido rapidamente. Desta forma, Alair Martins, fundador do Grupo Martins, aprendeu que a qualidade em si pode não ser suficiente, é preciso destacá-la. Com isto, aprendeu a vender.
Apesar da saúde frágil, Carl Page, professor de ciência da computação da Michigan State University, não se cansava de ensinar a seus filhos, Carl Jr. e Larry, sobre as inúmeras aplicações da computação.
Anos depois, Carl Page Jr. se tornou milionário ao fundar o eGroups e vendê-lo ao Yahoo! por US$ 432 milhões. Quanto ao outro filho, Larry Page... bem, ele cofundou o Google.
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Marcelo Nakagawa é professor e consultor de empreendedorismo e inovação

Maradona, passeio completo ou esporte fino.

Nunca havia visto Maradona de terno e gravata. Não lhe caiu bem o traje para a sonhada festa de gala - a vitória mundial da seleção argentina, sempre temida pela beleza e eficiência do seu futebol. Sua roupa ora apertada ora folgada, sempre deselegante e incômoda, diminuiu certamente o brilho de sua exibição pessoal. Ator autodidata de ópera-bufa, emudecido pelo talento alemão, voltou para casa, com quatro bolas na caçapa, sem mostrar mais do que alguns arranhões em um ego imensurável.
Deus, como se considera, achou que sua benção seria o bastante para divinizar os seus pupilos. Viu-se um efeito contrário; os jogadores argentinos tradicionalmente virtuosos e imaginativos viram-se perdidos e goleados pela jovem, brilhante e pragmática seleção alemã, restando-lhes apenas os beijos e abraços de “su papá”.
Dunga jogador combativo e sério, alvo de severas críticas, como acontece com todos os técnicos brasileiros é, sem dúvida melhor treinador do que Maradona que, no seu delírio narcísico, não pode ver uma câmera ou um microfone sem que, imediatamente, não lhe venha na ponta da língua uma besteira qualquer. Acho que o futebol argentino, um dos melhores do mundo, não merece participar desse circo. Lembro-me, entre tantos ídolos, de Menotti, argentino de boa cepa, elegante por dentro e por fora, craque culto e inteligente, que só conheci como treinador.
Enquanto treinava a seleção argentina que viria a se tornar campeã do mundo, instalou uma biblioteca na concentração, “obrigando” os jogadores a lerem. No seu livro “Futbol sin trampa” afirma que “através do modo como faço jogar minhas equipes, eu falo da sociedade em que gostaria de viver utilizando o futebol como uma forma de expressão de valores como a estética, a beleza e o fair-play, com jogadores solidários”. Muito embora se procure um futebol de resultados, há modos de conquistá-lo. É quando se vê em um extremo, a grande figura de Menotti e em outro o patusco Maradona. Precisamos deixar de cair de pau em Dunga. Ele fez o seu trabalho com acertos e erros, como todos os técnicos que comandaram as seleções brasileiras através do tempo, desde Flávio Costa na década de 50 até os dias atuais.
Claudio Coutinho, precocemente desaparecido, afável, culto e sabendo tudo sobre futebol – não é dele a expressão ponto futuro? - sequer cogitou Falcão, ainda jovem e já considerado um dos maiores jogadores, para no seu lugar convocar Chicão, muito mais conhecido pelo modestíssimo futebol e exuberante truculência.
Acompanhei praticamente todos os jogos da Copa. Observei, entre tantos jogadores, Kaká e Cristiano Ronaldo, ambos craques de verdade. Enquanto que o primeiro jogava a sério e para a equipe, o jogador português mostrava-se clara e infantilmente voltado para os telões, preocupado com o arranjo do cabelo ou da camisola, com seu glamour afinal. Dunga, Kaká e companhia, simples mortais, erraram certamente, mas não do modo caricatural de Maradona e Cristiano Ronaldo, cada qual mais preocupado em insuflar o próprio ego.
El Diez, como é chamado em seu belo país, e Cristiano Ronaldo, tal como se mostraram, para mim representam o antifutebol, porque seja em uma pelada de várzea ou em um jogo importante e decisivo, ao lado do indispensável talento pessoal é preciso lembrar que o futebol é um esporte coletivo e solidário, não havendo tempo e lugar para exibições teatrais ou retoques na maquiagem.

Por Edgar Porto
Email: edgard.porto@ofluminense.com.br

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