segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O SENTIDO DA VISÃO E O CÉREBRO CONSUMISTA


By Carlos Lupus
                   
                    Que mundo esplêndido, impactante, colorido, sonoro e extremamente 
belo, que vivemos neste planeta!
                    Todas estas belezas naturais somente são possíveis aos nossos olhos porque desenvolvemos um cérebro extremamente habilidoso na capacidade  de tirar o maior proveito  possível dos estímulos sensoriais disponíveis no ambiente em que vivemos. Não podemos ignorar que outros animais desenvolveram uma  sensibilidades aguçada em relação a determinados sentidos, como por exemplo, os “olhos de lince” do falcão-peregrino e o faro agudíssimo dos cães. É importante destacar que esses animais desenvolveram uma sensibilidade extrema para compensar a ausência de outros sentidos. A toupeira, é um outro  exemplo de animal que tem uma sensibilidade sofisticada para o tato, porque possui  seis vezes mais receptores de tato que os seres humanos,  mas em contrapartida, não consegue enxergar.
                    A verdade é que o nosso aporte sensorial é excepcional, pois temos acesso a todos os nossos sentidos. Dessa forma, conseguimos aproveitar as belezas da natureza em toda a sua plenitude, exaltando-a através do desenvolvimento das artes e da música.
                   Todos os conhecimentos adquiridos pelo homem desde  os tempos imemoriais da caverna, quando surgiram os primeiros hominídeos em busca de água e alimentos, foram adquiridos à medida que estas espécies primitivas foram desenvolvendo os sentidos. Através destes, a espécie humana conseguiu expressar emoções e sentimentos.
                   Entre os cincos sentidos desenvolvidos pelo homem ao longo de toda a sua história evolutiva, a VISÃO é aquele  sentido que desempenha uma tarefa de substancial importância, que é o de captar as imagens provenientes do ambiente. É hábito humano, se concentrar nos detalhes do ambiente que o cerca, principalmente, àqueles que se movimentam e, que podem representar algum perigo, quanto à perpetuação da espécie.
                    Cerca de um quarto do cérebro está envolvido no processamento visual, parte esta superior a qualquer outro órgão do sentido.
                     Aproximadamente 70% dos receptores sensitivos do corpo humano estão localizados nos olhos. Posso afirmar com convicção, que o homem somente conseguiu se manter vivo no planeta Terra e se multiplicar de forma bastante quantitativa, atingindo o patamar atual de 6,6 bilhões de seres viventes, com o desenvolvimento robusto do sentido da visão. Este sentido ocupa o ápice da nossa hierarquia sensorial, de tal forma que, quando imagens e sons são apresentados ao mesmo tempo, o nosso cérebro prioriza maior atenção ao impacto visual.
                    Os olhos captam a luz e ajustam o foco. Cabe ao cérebro, identificar as cores, as formas, expressões faciais e paisagens que ele consegue descortinar. Desta forma,  conseguimos nos lembrar de imagens “quase perfeitas” de fatos que ocorreram conosco em épocas passadas.
                    Admite-se que o auge da memória das impressões visuais na espécie humana, ocorre entre os 15 e 30 anos  de idade.

                     “Na realidade, as cores não existem no mundo, mas existem em nosso cérebro. O cérebro “atribui” cores a tudo que enxergamos à medida que o espectro luminoso é refletido pelos objetos à nossa volta. Nem todo o mundo enxerga as mesmas cores; algumas pessoas são daltônicas enquanto outras são dotadas de visão em cores”, de acordo com texto transcrito no livro: O Cérebro Consumista, do Dr. A. K. Pradeep.

                     A postura bípede desenvolvida pela mãe-natureza, à medida que a espécie humana se desenvolvia e melhor se adaptava ao planeta, teve na acuidade visual, o seu melhor atributo sensorial; já que os seus ancestrais se apoiavam nos quatro membros, e estes, passaram a se apoiar apenas nas pernas. Com isso, afastaram-se naturalmente do solo, perdendo a sensibilidades do cheiro deixado pelas nossas presas. Em contrapartida, passamos a observar com maior qualidade de visão, o movimento de animais, com também, projetarmos a distância que os mesmos estavam de nós.
                    A capacidade que o cérebro tem de explorar uma  área , identificar e localizar objetos em três dimensões e projetar em que local estará este objeto decorrido algum tempo, foi um dos grandes saltos da natureza na evolução do homem.  Esta conquista pode ser atribuída ao desenvolvimento entre os primatas, inclusive o homem, da visão binocular, que permite que a espécie visualize a sua presa em profundidade, de forma linear, concentrada em seu alvo.  O posicionamento  dos olhos no ser humano estão devidamente adaptados à sua função ancestral de caçador.


Comentário de MARKETING:

                    Conclui-se que, como a capacidade visual do homem é apurada, sendo especializada em exploração e localização, não é aconselhável que nenhum objeto obstrua a visão dos consumidores, como por exemplo, dentro de um supermercado, cheio de gôndolas e prateleiras altas, com milhares de produtos diversificados com embalagens de diferentes tamanhos e cores. Tudo deve ser arrumado de tal forma que o cérebro rapidamente visualize, identifique e satisfaça o consumidor. É bom lembrar que o cérebro é preguiçoso. Não gosta de perder tempo com algo que exija trabalho intenso de seus  neurônios.     
O CÉREBRO DA MULHER PRIMITIVA E O MARKETING

by Carlos Lupus 




          O dia amanhece. Na escuridão da caverna, a mulher consegue visualizar os primeiros raios de sol acompanhados de movimentos ruidosos de animais que circundam a área primitiva. A mulher acorda com o olhar abatido de uma noite mal dormida, com tempestades, raios e trovões. Ela, as crianças e o seu companheiro não conseguiram fechar os olhos. O perigo de morte era iminente ao grupo de hominídeos ali presentes, dentro da caverna, totalmente indefesos diante de possíveis ataques proporcionados por animais de grande porte, que poderiam penetrar na caverna buscando a proteção diante de chuvas torrenciais e possíveis alagamentos intransponíveis.
          Mesmo com todas as dificuldades da noite, a mulher com uma criança ao colo, ainda recém-nascida, faminta, se organiza de forma precária para caminhar em regiões próximas à caverna em busca de comida. Ela apresenta o seu corpo esquálido, os seus braços e pernas estão enfraquecidos pela fome  e pela sede. A criança que amamenta ao colo,   vem retirando o pouco de água e nutrientes que consegue reter em seu sangue.
          À medida que caminha, outras mulheres, meninas adolescentes e crianças se  aproximam. Juntas, elas buscam frutas silvestres e tubérculos no solo. Enquanto algumas mulheres param de caminhar para acolher e proteger as crianças que já estão dormindo em função do cansaço da caminhada, outras seguem de forma corajosa com o objetivo de colher grãos, raízes e, até roedores  e  pequenas cobras.
          O grupo de mulheres sempre permanece próxima uma das outras  diante  do perigo de ataques de predadores. Buscam  proteger as crianças, instintivamente proteger a prole, a espécie.  Sabem por instinto de sobrevivência através do seu córtex pré-frontal, que não devem enfrentar animais predadores de grande porte, porque não teriam como vencê-lo em função de sua fraca estrutura muscular e habilidade no uso de instrumentos de caça.
          O grupo de mulheres e crianças passam  o dia buscando, armazenando e transportando alimentos; comunicam-se de forma intensa; passam a desenvolver, ainda de forma primitiva, a empatia.
          Na vida primitiva, as mulheres desenvolviam essas atividades em busca da sobrevivência, de forma contínua, já que os alimentos eram escassos, não estavam à disposição em lugar próximo à caverna.
          Com o contato bastante próximo entre as mulheres e sua prole, elas desenvolveram de forma gradual, a capacidade de melhor se comunicar com os seus pares, sobretudo nos momentos mais difíceis em que se fazia necessário cuidar dos membros mais velhos, doentes e até das crianças que ainda não conseguiam se  expressar de forma compreensiva às suas mães.
          Em geral, as mães conseguem interpretar de forma correta se o bebê está chorando de fome, raiva, medo, tédio ou sono. Durante o dia, enquanto ela cuida da sua cria mais jovem, o hormônio ocitocina flui por todo o seu corpo, trazendo-lhe a calma e a doçura característica do fato de ser mãe.
          As mulheres, em especial as mães, têm uma grande capacidade de percepção do que o outro está sentindo, principalmente se for filho. Em função do trabalho desenvolvido pelas mulheres desde os primórdios da civilização humana, ou seja, o cuidado com a prole,  ficou evidente demonstrar que a proximidade diária com os membros da família, fizeram com este grupo social desenvolvesse um cérebro feminino condicionado a pensar na coletividade. A mulher reage de forma bastante positiva a outros grupos de mulheres, gosta de participar de atividades em grupo, comunicando-se de forma rápida e natural diante dos seus comuns.
          Nesta época primitiva, ao se aproximar a noite, os homens da tribo retornavam  à caverna, trazendo alguns animais abatidos que seriam distribuídos aos membros da família, fornecendo-lhes proteínas e calorias necessárias à sobrevivência.
          As mulheres comemoravam  a chegada de alimentos, era motivo de alegria e sobrevivência, principalmente para os filhos menores. Os homens responsáveis pelo abate dos animais, regozijavam-se  pelo feito. As mulheres, principalmente as mais jovens, avaliavam  cuidadosamente quais deles seriam os seus melhores parceiros sexuais e os melhores caçadores.
          Enquanto o pequeno grupo de hominídeos compartilha e comemora a refeição generosa do dia, ouvindo os relatos heroicos de outras caçadas, a mulher senta ao lado do seu companheiro, normalmente acompanhada de um bebê adormecido em seus braços.
          A noite se aprofunda, a temperatura cai no interior da caverna, o frio domina, as comemorações terminam. Logo, um novo dia surge. A mulher já está de pé para desenvolver uma nova rotina de trabalho com rapidez e eficácia.
          Este modelo de eficácia por parte da mulher na gestão familiar está relacionado à modelagem do seu cérebro pela mãe-natureza. Com um número maior de conexões entre os hemisférios direito e esquerdo do que o cérebro masculino, o cérebro feminino consegue realizar tarefas simultâneas.
          Em pesquisas realizadas junto ao cérebro feminino, conclui-se que o corpo caloso que conecta os dois hemisférios cerebrais é mais desenvolvido nas mulheres do que nos homens.

Evolutivamente, qual é a importância que tem para o marketing o cérebro multitarefa da mulher?

          Os profissionais de marketing que desenvolvem mensagens publicitárias para atingir o público feminino, devem prestar atenção ao fato de que as mulheres somente se concentrarão diante das informações que poderão facilitar o seu trabalho, como também tudo aquilo que festejar a sua individualidade, ressaltando sobretudo o seu jeito feminino de ser.
          É importante destacar que a vida agitada das mulheres que trabalham e tem dupla jornada de trabalho em seus lares junto à sua família, apresentam o corpo inundado pelo cortisol (hormônio do estresse) que acelera os seus batimentos cardíacos  e aumenta o seu nível de ansiedade.
          Comparando a evolução cerebral da mulher, verifica-se que o cérebro atual tem muito mais ocupações cotidianas do que o seu predecessor. As ocupações profissionais são múltiplas e as necessidades familiares são impregnadas de compromissos. Assim sendo, os profissionais de marketing devem fazer com que a sua marca, produto ou loja se transforme em um centro de networking para os seus consumidores atuais e para outros que poderão vir. Ofereça às suas consumidoras os links e as últimas novidades do Twitter ou Facebook, aulas de culinária e outras atividades que possam permitir maior conectividade com o mundo.
          Para concluir, é importante que os profissionais de marketing saibam que o cérebro da mulher, mais do que o do homem, é um gigantesco arquivo de argumentos e isso é consenso entre cientistas do mundo inteiro que pesquisam a chamada cognição, a capacidade do sistema nervoso de captar informações e ligá-las entre si. Pois, em todos os testes de comunicação verbal, o sexo feminino se sai muito melhor. As mulheres aprendem novas palavras mais depressa do que os homens e, ainda, usam todos os recursos do vocabulário com mais criatividade.


Nota: O artigo acima foi escrito por Carlos Luppus com adaptações do livro: O Cérebro Consumista, do Dr. A.K. Pradeep.
                   
                    
                    
                   

domingo, 25 de setembro de 2016

O SOLDADO E O GATINHO






SER OU TER? EIS A QUESTÃO.



By Carlos Luppus

               Provavelmente, este dilema acompanha o homem desde os primórdios da civilização humana. Este temaser ou ter, é tão atual, que o estamos vivenciando neste momento no chamado mundo globalizado.
               No Brasil em especial, e no mundo de uma forma geral, vivemos uma crise econômica sem precedentes em nossa história recente. Esta crise de certa forma está relacionada ao modelo econômico em que estamos inseridos, baseado no contínuo crescimento de produção e consumo.
               A palavra “crise”, em grego, significa “decisão”, “julgamento”, o que nos remete à uma reflexão de que o momento é de convergência de pensamentos, em que se busque de forma rápida, uma saída para este impasse social e econômico ao qual estamos mergulhados. Se faz necessário tomar uma decisão, mesmo que o remédio seja amargo, porém de fundamental importância para se debelar a “doença”. A saída de forma permanente para esta crise dependerá certamente da vontade política de nossos governantes, que devem atuar na mudança das regras da gestão pública,  do mercado financeiro e dos hábitos de consumo da população.
               Desde a Revolução Industrial, principalmente dos anos 1960, desenvolvemos uma civilização que se fundamenta no viés mercadológico,  de que progresso é possuir mais. Os profissionais de publicidade através de técnicas cada vez mais sofisticadas de marketing, principalmenteneuromarketing, nos mais diversos meios de comunicação, tentam nos adestrar que a felicidade é uma conquista de posse, de propriedade. É necessário que se adquiram  novos produtos e se  contratem novas formas de serviço. Comprar novos bens: carros, apartamentos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, roupas de grife; participar de uma vida social intensa com bons restaurantes e bons shoppings e fazer uso de serviços de turismo, como viagens em carros, aviões e navios, traslados para hotéis e parques de diversões; demonstram de forma inequívoca, que o modelo implantado pelo capitalismo ocidental é motivo de cobiça por uma parte significativa da população que faz da posse, da acumulação e da troca permanente de bens materiais, o sentido último da existência humana. No entanto, percebe-se  de forma clara e inquestionável que este  modelo de consumo desenfreado engasgou. Não temos mais uma economia que possa gerar riqueza de forma contínua, em que as pessoas estejam continuamente ocupadas em postos de trabalho com salários compatíveis com os seus gastos pessoais e familiares. Além disso, o planeta não é um reservatório indefinido de recursos naturais a começar pela água e pelo solo.
               Diante deste contexto, acredito que esta crise possa ter um impacto positivo diante da consciência humana, que é em última instância, a preservação da espécie como um todo.
               Acredito que esta crise não é somente econômica e social, mas também filosófica e espiritual. E aí eu pergunto: o que faz o homem feliz? O que realmente pode trazer ao homem o sentido da plenitude existencial? Segundo o filósofo Martin Heidegger, “a angústia é a sensação do nada”. Este vazio existencial que acompanha a espécie humana desde o aparecimento dos primeiros hominídeos, é a mesma que o atormenta nos dias atuais. Durante a sua curta caminhada por este planeta, o homem, embora detentor da mais alta tecnologia desenvolvida até agora por uma espécie animal, não consegue responder algumas das indagações mais emblemáticas de sua existência. De onde viemos? O que estamos fazendo aqui? E para onde iremos?
               As tradições religiosas tentaram fornecer instrumentos que pudessem responder a essas perguntas fundamentais. Não entanto, não prosperaram. Algumas porque se fecharam em posturas teológicas e morais extremamente rígidas, nem sempre se comprometendo com modelos de virtude e respeito que  apregoavam, outras por defenderem ideologias totalmente destoantes da fé em um Deus justo e amoroso, pregando a violência e a morte como forma inquisitória medieval de impor a sua verdade com única, suprema, divina.
               Por mais que o homem estude e desenvolva mais ciência e novas tecnologias, existem algumas indagações que o acompanham de forma diuturna durante a sua existência.
O ser humano pode ser feliz e viver em harmonia com os seus pares diante de uma sociedade inteiramente construída em torno do ideal do “eu”?
               Acredito que não. Ao observar os ensinamentos atribuídos a Buda, Sócrates e Jesus, os mesmos consideram que a verdadeira felicidade humana estará na razão direta do despojar do direito de posse.
                Para começar, entendo que desejo contumaz é algo pernicioso à existência humana. Normalmente, o homem passa a sua  existência focado na busca de tudo aquilo que lhe possa trazer prazer, satisfação, sentimento de pertencimento. Nesta busca, ele se preocupa apenas com a acumulação de bens materiais, riqueza, poder e soberba sobre os personagens comuns da sociedade.
                O desejo de posse é algo que atinge o homem em regiões profundas do seu cérebro primitivo.  Os primeiros hominídeos em suas cavernas enfrentavam desafios gigantescos diante da sua impotência perante às forças indomáveis da natureza. De forma concomitante, buscavam os meios necessários à sua sobrevivência, como água e alimentos e, tentavam se proteger das condições nefastas impostas pelos fatores climáticos da época. Em função desta realidade, o homem começou a desenvolver a ideia de acumular... água, alimentos, utensílios diversos, instrumentos de caça e de defesa e,  de todas a formas de bens que pudessem lhe garantir a sobrevivência por mais dias, já que naquela época era pouco provável que o mesmo passasse da juventude.
                A busca pela posse é, por natureza, insaciável, que pode despertar frustração e violência. Este sentimento humano pode levar o indivíduo a desejar o que não tem, mesmo que tenha que usar de meios arbitrários e violentos para consegui-lo.
               Defendo a tese de que a vida humana deve ser contemplada em suas necessidades básicas, em que nós devemos ter os nossos desejos  mínimos saciados como alimentar-se, vestir-se, ter um abrigo seguro para acomodarmos a nossa família e um emprego digno e justo para vivermos decentemente com o salário recebido. É importante ressaltar que esta vida simples que eu preconizo deve ser acompanhada da presença viva e duradoura do Estado em que preze à satisfação dos serviços básicos de saúde, educação, saneamento, segurança e, politica econômica de preços e salários compatíveis com as faixas mais pobres da população. O homem precisa abandonar de forma gradual e contínua, o sentimento forte, dominante e ancestral aos seus tempos de caverna, em que a ideia preponderante era de acumular bens.
               Reitero a tese de que a aproximação do homem ao seu meio natural (Homo naturae), respirando um ar mais limpo, usufruindo de um silêncio mais qualitativo que possa lhe proporcionar condições melhores  de sono e paz interior, tendo um contato mais próximo com os agentes da natureza, como a flora e a fauna e usufruindo de uma vida mais simples; acredito eu, que estes fatos poderão conscientizá-lo de que, talvez, a sua felicidade esteja mais em “ser” do que de “ter”.
                Ao usufruir de uma vida mais simples, o homem poderá ter tempo para se conhecer melhor, conhecer aqueles que o cercam, conhecer o meio ambiente em que está inserido, admirar de forma mais contemplativa às inúmeras formas de vida que a todo o momento nos surpreende com sua vitalidade e sagacidade diante de seus predadores naturais. Dessa forma, penso eu, o homem poderá aprender a conviver melhor consigo mesmo, poderá se autodescobrir, poderá fazer a viagem ao seu interior, poderá atingir às suas entranhas existenciais, poderá domesticar os seus “diabinhos”, poderá entender que a felicidade humana não é um momento, pelo contrário, é algo a se atingir, é uma meta, ela está no horizonte.
                Acredito que o filósofo grego Sócrates, que viveu aproximadamente a 470 anos antes de Cristo, chegou a mesma  conclusão elencada acima, ao proferir uma frase que lhe é atribuída: “Conhece-te a ti mesmo” . Com o amadurecimento deste pensamento, o homem será capaz de aprender a se conhecer melhor, aprender a se controlar, aprender a respeitar o mundo que o cerca, sobretudo, à sociedade ao qual faz parte. Deve descobrir como amar, como viver em parceria com os outros, como administras as suas frustrações, as suas angústias; como conquistar a serenidade, como superar os sofrimentos cotidianos da vida; como também, preparar-se para o final da viagem humana com dignidade, sabedoria e sensação de missão cumprida. Porque viver é um fato concreto e inquestionável, saber viver é uma arte. Uma arte que devemos aprender com os mestres da sabedoria, como por exemplo: Buda, Sócrates e Jesus, procurando nos aperfeiçoar no sentido de sermos um ser humano cada vez melhor e digno da criação de Deus.


Nota: Este artigo foi escrito por Carlos Luppus com adaptações retiradas do livro Sócrates, Jesus e Buda, de Frédéric Lenoir.




              
              




O DISCÓBOLO

O DISCÓBOLO. C:\Users\CA\Pictures\DISCÓBOLO Míron Julho 2011.jpg
Míron, escultor do século V a.C., criou uma estátua representando um discóbolo perfeitamente equilibrado no instante exato que precede o lançamento do disco. Na estátua, a pose do atleta, com os braços e as costas arqueadas, encarna ao mesmo tempo a curvatura do disco e a trajetória de seu voo, prestes a ocorrer. Ao criar a sua obra-prima, Míron quis retratar não um discóbolo em especial, mas o arremessador ideal, uma personificação consumada da excelência física e da sua busca. Tal excelência, porém, não era automática. Para atingi-la, era indispensável ter autodisciplina e determinação. Portanto, só com treinamento e concentração o atleta poderia alcançar sua meta. Por esses meios, seu potencial seria liberado e se tornaria real para que todos vissem. Embora fosse irrelevante do ponto de vista militar, o arremesso de disco fazia parte do Jogos Olímpicos porque demonstrava , de uma forma mais pura do que qualquer atividade competitiva, o fascínio da alma grega pela perfeição.
Nota: Este texto foi escrito por Carlos Luppus.

A tentação de ULISSES.


                    



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                    Stephen Bertman em seu livro OS OITO PILARES DA SABEDORIA GREGA, narra a história de que voltando para casa depois do fim do combate, Ulisses naufragou na ilha da deusa Calipso. Lá, os dois se apaixonaram. Tropical e luxuriante, a ilha era lugar remoto, um verdadeiro paraíso onde ninguém mais vivia.
                    Calipso sabia que Ulisses, por ser mortal, algum dia iria morrer e que ela ficaria sozinha novamente. Por isso, a bela deusa lhe deu a chance de conquistar a vida eterna, oferecendo-lhe néctar e ambrosia, os alimentos dos deuses. Se aceitasse a oferenda, Ulisses estaria livre da morte e viveria para sempre, desfrutando os prazeres dos sentidos ao lado dela.
                    Semanas depois de sua proposta, no entanto, ela o encontrou chorando na praia, o olhar perdido no horizonte, tentando avistar o lar de onde partira fazia 20 anos. Não era exatamente por sua casa que chorava, nem por saudade da mulher, nem pelo filho que deixara ainda criança e que se tornara adulto durante os longos anos que Ulisses passara na guerra e no mar. Chorava por saber que precisavam dele para corrigir os erros que tinha afetado o seu reino nos anos em que estivera fora. Somente se voltasse poderia se tornar outra vez marido, pai e rei, agindo como só ele poderia agir, ocupando o vazio que deixara ao partir.
                    Ulisses recusou a oferta de Calipso de se tornar um deus e escapar da morte, pois escolher viver ali significaria desistir da vida. Naquela ilha paradisíaca, onde tudo seria previsível e seguro, disponível e gratuito, uma coisa estaria faltando: um futuro no qual ele pudesse se atirar de corpo e alma.
                    Os gregos acreditavam que, durante a vida, o objetivo dos homens é terminar uma tarefa incompleta, e que é essa missão – mesmo que vagamente percebida – que atribui o significado à nossa existência, qualquer que seja o perigo.
                    Calipso ofereceu a Ulisses tudo o que ele era, mas lhe negou tudo o que ele poderia vir a ser. Naquela ilha exuberante porém deserta, um deus poderia viver, mas não um homem. Não por acaso a deusa se chamava Calipso, nome que significa “aquela que esconde “, pois, se seu amado decidisse ficar e viver com ela para sempreteria ficado escondido – dos outros mas também de si mesmo, daquele que poderia vir a ser.
                    No fim, não foi em busca de seu lar que ele partiu, carregado pelas ondas numa jangada, mas daquilo que poderia ser tornar. Observando-o se afastar pouco a pouco, remando lentamente, até Calipso entendeu a escolha que Ulisses fez.


Nota: Este artigo foi escrito por Carlos Luppus com adaptações do livro: Os Oito Pilares da Sabedoria Grega, de Stephan Bertman

EDUCAÇÃO: ENSINO E APRENDIZAGEM


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                    Jorge Bucay, médico e psicólogo argentino, em seu livro QUANDO ME CONHECI, afirma que uma parte importante de todo o conhecimento adquirido ao longo da vida é transmitida dos pais para os filhos.
                    Poderemos chamar esta “educação de formal,” que é transmitida por meio de ordens, conselhos, prêmios e castigos. A educação “não formal” é transmitida pelo que não é dito fundamental, porque as crianças têm uma tendência natural de imitar o que vem, principalmente, os exemplos dados pelos adultos.
                    Existe uma outra forma de ensino que se transmite de geração para geração, incluindo o que está contido em nosso material genético. Atualmente, os estudiosos do comportamento humano reconhecem que existe um verdadeiro manancial de informações que já fazem parte do nosso DNA, que colabora de forma incisiva, juntamente com as influências emanadas de nossa sociedade, na montagem de nossas estruturas morais, éticas e sociais.
                    Da mesma forma, os nossos filhos terão a tarefa de levar o nosso legado além de onde nossas limitações o deixaram. E seus futuros filhos terão o compromisso de levar todos estes conhecimentos para gerações seguintes.
                    Em um mundo expressamente competitivo, em que as mudanças são vertiginosas, todo este aprendizado transmitido às novas gerações, cria uma condição singular de sobrevivência e perpetuação da espécie humana.
                    Nós fomos criados segundo a velha metáfora que dizia que educar não era dar o peixe, e sim ensinar a pescar. Hoje, em dia este pensamento continua a vigorar como se estivesse realmente adaptado aos novos tempos. Mas, na realidade, não está.
                    Se, por exemplo, hoje eu der uma vara de pescar ao meu filho e o ensino a pescar, provavelmente, em sua fase jovem, os meus ensinamentos relacionados ao assunto serão suficientes para que ele possa até sobreviver com a arte da pesca.
                    No entanto, em sua fase adulta, pode ser que não haja mais peixes para pescar, talvez, a forma ensinada não seja mais adequada à captura dos mesmos.
                    Logo, penso que a tarefa dos pais, neste momento, é ensinar os filhos a criar e construir suas próprias ferramentas: fabricar sua própria vara, tecer sua própria rede, inventar suas modalidades de pesca. Com isso, é necessário admitir com bastante humildade que ensiná-lo a pescar não será suficiente para enfrentar os novos desafios de um mundo em transição.
                    Esta dificuldade dos pais em treinar os seus filhos para os problemas que enfrentarão no século XXI está ficando cada vez mais evidente em função do tempo em que o conhecimento humano se duplica. A diminuição progressiva do tempo de duplicação, que atualmente é de cerca de 20 anos, é uma das causas das crises existenciais entre pais e filhos.

                    Logo, por mais que os tempos sejam de mudanças, não poderemos deixar de passar aos nossos descendentes, um legado moral e ético em que o respeito e a honestidade sejam marcos fundamentais na construção de uma nova sociedade.

Nota: Este artigo foi escrito por Carlos Luppus com adaptações do livro: Quando me conheci, de Jorge Buckay.

A DESCOBERTA DO NEURÔNIO/GiancomoRizzolatti.

A
UNIVERSIDADE DE PARMA - Em 13 de março de 962, o Imperador Ottomian I conferiu a Uberto, o bispo de Parma, o início da Universidade no 'Diploma' - um documento que concedeu ao bispo o poder de ordenar e eleger líderes legais. Este documento foi a base da criação de uma instituição de ensino que duraria séculos mais tarde, e inda está preservada nos arquivos do Bispo de Parma hoje.


No início do verão de 1991, no interior das velhas pedras que fazem parte das paredes  da Universidade de Parma, um assistente de laboratório voltava do seu intervalo de almoço, tomando um sorvete de casquinha. Ao adentrar nas dependências do laboratório encontrou um velho conhecido, o macaco Rhesus, membro integrante do grupo de pesquisas do cientista de renome internacional, Giancomo Rizzolatti. Este macaco estava com um eletrodo em seu cérebro, sendo fruto de um estudo relacionado ao planejamento e execução de movimentos em símios.
Ao observar o assistente de laboratório tomando o sorvete, o macaco que estava com um eletrodo em seu córtex cerebral, demonstrou interesse imediato. “Quando o assistente levou o sorvete à boca, a atividade elétrica cerebral do macaco se alterou. Na realidade, este macaco estava degustando mentalmente o sorvete, inclusive com todos os movimentos físicos necessários para a realização da ação. Junto com o assistente, o cérebro do macaco enviava sinais para o seu braço erguer o sorvete até a boca, salivar e se preparar para uma grande satisfação do primata, afirma o Dr. A.K. Pradeep, em seu livro, “O Cérebro Consumista.” Na realidade, o que estava ocorrendo era uma experiência típica do “Macaco vê, macaco faz”. Embora o símio não estivesse esboçando nenhum movimento físico alusivo à ação do assistente de laboratório, o seu cérebro, especificamente os seus neurônios-espelho , estava se deleitando deste raro momento de pura gula primata.
O Dr. Giancomo Rizzolatti, responsável pelo experimento em cérebros de  macacos da Universidade de Parma, realizou outras pesquisas relacionadas, usando amendoins. Quando um macaco observava outro macaco ou um ser humano comendo amendoim, seus neurônios reagiam de tal forma, parecendo que os mesmos estivessem realmente descascando e comendo amendoim. Em todas as situações experimentais, os neurônios do córtex pré-frontal dos macacos Rhesus reagiam da mesma forma.

Em 1994, Rizzolati publicou sua primeira pesquisa sobre a descoberta recente dos neurônios-espelho.



Nota: Este artigo foi escrito por Carlos Luppuscom algumas adaptações do livro, o O Cérebro Consumista, do Dr. A. K. Pradeep.

QUATRO DICAS PARA QUEM ESTÁ ENTRANDO NO ENSINO SUPERIOR

A saída do Ensino Médio e o início dos estudos em uma instituição de ensino superior representam uma grande mudança para a vida do jove...