Espécie foi encontrada em 2002 em Presidente Figueiredo, AM.
Anfíbio pode chegar até 24 mm e tem órgãos internos visíveis.
Pequeno
anfíbio, que pode chegar até 24 milímetros de comprimento quando
adulto, recebeu este nome devido à pele transparente (Foto: Marcelo
Lima/Inpa)
Com apenas 24 milímetros de comprimento quando adulto, a
Hyalinobatrachium iaspidiense,
popularmente conhecida como ‘perereca de vidro’, vem chamando a atenção
de pesquisadores no Amazonas, principalmente devido à sua
transparência. A espécie foi descoberta por pesquisadores durante
levantamentos noturnos na área da Cachoeira da Onça em
Presidente Figueiredo, município do Amazonas, distante 170 km de
Manaus, no ano de 2002.
De dorso verde-claro e ventre transparente, espécie
ainda é pouco conhecida (Foto: Marcelo Lima/Inpa)
De dorso verde-claro com pontos negros, ventre transparente, íris
verde-amarelada e falange terminal dos dedos em forma de ‘T’, a perereca
de vidro ainda é pouco conhecida no meio científico. “O homem não olha
para os anfíbios com um olhar importante. Muitas vezes acha que os
anfíbios são nojentos e que não servem para nada, mas, na verdade, está
enganado. Os anfíbios tem grande importância no equilíbrio do meio
ambiente”, afirmou Marcelo Lima, biólogo do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA).
O biólogo informou que a perereca de vidro tem importante função no
equílibrio ambiental, já que ela é presa das cobras. Com um possível
desaparecimento da espécie, faz com que os seus predadores também corram
risco de extinção. “Não tem como precisar se ela corre risco de
extinção ou não. Contudo, pode-se afirmar que atitudes como a remoção de
mata ciliar deixam a espécie mais vulnerável, pois ela é sensível às
modificações ambientais e não pode ficar muito tempo exposta ao sol,
correndo o risco de ter a pele ressecada e morrer”, explicou o biólogo.
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Considerada uma espécie voltada para o período noturno, a perereca de
vidro se alimenta de invertebrados, principalmente insetos, e tem como
predadores as aranhas e serpentes, além do próprio homem, que a extingue
sem se dar conta, segundo Marcelo Lima. Sobre o modo de reprodução, o
pesquisador explica que todas as espécies de perereca de vidro
conhecidas desovam sobre folhas acima da água.
“Em média, as fêmeas depositam cerca de vinte ovos no período chuvoso,
entre dezembro e maio. Os ovos se desenvolvem por alguns dias ali.
Depois, os girinos rompem a cápsula do ovo, caem na água e permanecem
até completarem o desenvolvimento”, afirmou o biólogo, que ainda disse
ser desconhecido o tempo de desenvolvimento do animal.
Em média, as fêmeas depositam cerca de vinte ovos no período chuvoso, entre dezembro e maio (Foto: Marcelo Lima/Inpa)
Atualmente, no
Amazonas, tem-se conhecimento científico de apenas duas espécies de pererecas de vidro, a
Vitreorana oyampiensis, descoberta em 1975, e a
Hyalinobatrachium iaspidiense, descoberta em 2002.