sábado, 16 de julho de 2011

PAIS SUPERPROTETORES, FILHOS REBELDES.

Um congresso sobre pedagogia e casamento realizado na França em 1894 tinha entre suas conclusões a seguinte afirmação:
Nestes fins de século (XIX), difíceis para a família e o matrimônio, os casais que têm crianças sob sua responsabilidade se encontram tão inseguros e têm tanto medo do futuro que tende a proteger obsessivamente seus filhos de qualquer problema que possam ter. Mas é necessário alertar que essa tendência é muito perigosa, pois, se os pais fizerem isso com tanta paixão, os filhos nunca aprenderão a resolver os problemas sozinhos.
Se não formos capazes de reverter tal atitude, teremos no final do século XX, milhões de adultos com a lembrança de infâncias e adolescências maravilhosas e felizes, mas com um presente penoso e um futuro repleto de fracassos.
Jorge Bucay, médico e psicólogo argentino, comenta em seu livro QUANDO ME CONHECI, que esse prognóstico, concebido há mais de 100 anos, surpreende por sua precisão.
Nós, os pais – principalmente os do final do século XX -, desenvolvemos um comportamento mais anulador do que cuidadoso e mais temeroso do que protetor em relação aos nossos filhos. Ao invés de prepará-los para resolver os seus conflitos e suas dificuldades, nós dedicamos a dar-lhes uma infância com facilidades e sem frustrações, com muitas idas aos shoppings em busca de presentes que pudessem  compensar a nossa ausência, justificada  pelos inúmeros compromissos de trabalho.
Apesar das falhas cometidas na educação dos filhos, nós permitimos que se rebelassem, muitas vezes, contra tudo e contra todos.
É bom lembrar que nós, os pais, em sua grande maioria somos oriundos de famílias tradicionais, em que a rebeldia dos infantes não era permitida, principalmente, nos momentos em que os pais usavam a frase tradicional da época: “Cala boca, pirralho!”
Existem filhos que antes de aprenderem a balbuciar a palavra “papai”, aprenderam a perguntar: ”Por quê”. A partir daí surgiu uma geração de crianças e jovens contestadores.
Fomos nós que lhes ensinamos essa rebeldia, especialmente nos momentos em queríamos impor a nossa maneira tradicional de ver as coisas.
Provavelmente, essa é uma grande contribuição que possamos atribuir à nossa geração de pais que de forma indireta, ajudou a formar uma legião de jovens questionadores e conscientes de seu papel em uma sociedade competitiva e consumidora de bens e serviços, refém de um sistema corporativo manipulado pelo marketing agressivo, cuja palavra de ordem é comprar, comprar e... comprar.

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