O CÉREBRO DA MULHER
PRIMITIVA E O MARKETING
by Carlos Lupus
by Carlos Lupus
O dia
amanhece. Na escuridão da caverna, a mulher consegue visualizar os primeiros
raios de sol acompanhados de movimentos ruidosos de animais que circundam a
área primitiva. A mulher acorda com o olhar abatido de uma noite mal dormida,
com tempestades, raios e trovões. Ela, as crianças e o seu companheiro não
conseguiram fechar os olhos. O perigo de morte era iminente ao grupo de hominídeos ali presentes, dentro da
caverna, totalmente indefesos diante de possíveis ataques proporcionados por
animais de grande porte, que poderiam penetrar na caverna buscando a proteção
diante de chuvas torrenciais e possíveis alagamentos intransponíveis.
Mesmo com
todas as dificuldades da noite, a mulher com uma criança ao colo, ainda
recém-nascida, faminta, se organiza de forma precária para caminhar em regiões
próximas à caverna em busca de comida. Ela apresenta o seu corpo esquálido, os
seus braços e pernas estão enfraquecidos pela fome e pela sede. A criança que amamenta ao colo, vem
retirando o pouco de água e nutrientes que consegue reter em seu sangue.
À medida que
caminha, outras mulheres, meninas adolescentes e crianças se aproximam. Juntas, elas buscam frutas
silvestres e tubérculos no solo. Enquanto algumas mulheres param de caminhar
para acolher e proteger as crianças que já estão dormindo em função do cansaço
da caminhada, outras seguem de forma corajosa com o objetivo de colher grãos,
raízes e, até roedores e pequenas cobras.
O grupo de
mulheres sempre permanece próxima uma das outras diante
do perigo de ataques de predadores. Buscam proteger as crianças, instintivamente
proteger a prole, a espécie. Sabem por
instinto de sobrevivência através do seu córtex
pré-frontal, que não devem enfrentar animais predadores de grande porte,
porque não teriam como vencê-lo em função de sua fraca estrutura muscular e
habilidade no uso de instrumentos de caça.
O grupo de
mulheres e crianças passam o dia buscando,
armazenando e transportando alimentos; comunicam-se de forma intensa; passam a
desenvolver, ainda de forma primitiva, a empatia.
Na vida
primitiva, as mulheres desenvolviam essas atividades em busca da sobrevivência,
de forma contínua, já que os alimentos eram escassos, não estavam à disposição
em lugar próximo à caverna.
Com o
contato bastante próximo entre as mulheres e sua prole, elas desenvolveram de
forma gradual, a capacidade de melhor se comunicar com os seus pares, sobretudo
nos momentos mais difíceis em que se fazia necessário cuidar dos membros mais
velhos, doentes e até das crianças que ainda não conseguiam se expressar de forma compreensiva às suas mães.
Em geral, as
mães conseguem interpretar de forma correta se o bebê está chorando de fome,
raiva, medo, tédio ou sono. Durante o dia, enquanto ela cuida da sua cria mais
jovem, o hormônio ocitocina flui por
todo o seu corpo, trazendo-lhe a calma e a doçura característica do fato de ser
mãe.
As mulheres,
em especial as mães, têm uma grande capacidade de percepção do que o outro está
sentindo, principalmente se for filho. Em função do trabalho desenvolvido pelas
mulheres desde os primórdios da civilização humana, ou seja, o cuidado com a
prole, ficou evidente demonstrar que a
proximidade diária com os membros da família, fizeram com este grupo social
desenvolvesse um cérebro feminino
condicionado a pensar na coletividade.
A mulher reage de forma bastante positiva a outros grupos de mulheres, gosta de
participar de atividades em grupo, comunicando-se de forma rápida e natural
diante dos seus comuns.
Nesta época
primitiva, ao se aproximar a noite, os homens da tribo retornavam à caverna, trazendo alguns animais abatidos
que seriam distribuídos aos membros da família, fornecendo-lhes proteínas e
calorias necessárias à sobrevivência.
As mulheres
comemoravam a chegada de alimentos, era
motivo de alegria e sobrevivência, principalmente para os filhos menores. Os
homens responsáveis pelo abate dos animais, regozijavam-se pelo feito. As mulheres, principalmente as
mais jovens, avaliavam cuidadosamente
quais deles seriam os seus melhores parceiros sexuais e os melhores caçadores.
Enquanto o
pequeno grupo de hominídeos compartilha e comemora a refeição generosa do dia, ouvindo
os relatos heroicos de outras caçadas, a mulher senta ao lado do seu
companheiro, normalmente acompanhada de um bebê adormecido em seus braços.
A noite se
aprofunda, a temperatura cai no interior da caverna, o frio domina, as
comemorações terminam. Logo, um novo dia surge. A mulher já está de pé para
desenvolver uma nova rotina de trabalho com rapidez e eficácia.
Este modelo
de eficácia por parte da mulher na gestão familiar está relacionado à modelagem
do seu cérebro pela mãe-natureza. Com um número maior de conexões entre os
hemisférios direito e esquerdo do que o cérebro masculino, o cérebro feminino
consegue realizar tarefas simultâneas.
Em pesquisas
realizadas junto ao cérebro feminino, conclui-se que o corpo caloso que conecta os dois hemisférios cerebrais é mais
desenvolvido nas mulheres do que nos homens.
Evolutivamente, qual é a importância
que tem para o marketing o cérebro multitarefa da mulher?
Os
profissionais de marketing que desenvolvem mensagens publicitárias para atingir
o público feminino, devem prestar atenção ao fato de que as mulheres somente se concentrarão diante das informações que
poderão facilitar o seu trabalho, como também tudo aquilo que festejar a sua
individualidade, ressaltando sobretudo o seu jeito feminino de ser.
É importante
destacar que a vida agitada das mulheres que trabalham e tem dupla jornada de
trabalho em seus lares junto à sua família, apresentam o corpo inundado pelo cortisol (hormônio do estresse) que
acelera os seus batimentos cardíacos e
aumenta o seu nível de ansiedade.
Comparando a
evolução cerebral da mulher, verifica-se que o cérebro atual tem muito mais
ocupações cotidianas do que o seu predecessor. As ocupações profissionais são
múltiplas e as necessidades familiares são impregnadas de compromissos. Assim
sendo, os profissionais de marketing devem fazer com que a sua marca, produto
ou loja se transforme em um centro de networking
para os seus consumidores atuais e para outros que poderão vir. Ofereça às suas
consumidoras os links e as últimas
novidades do Twitter ou Facebook, aulas de culinária e outras atividades que
possam permitir maior conectividade com o mundo.
Para concluir, é importante que os profissionais de marketing saibam que o cérebro da mulher, mais
do que o do homem, é um gigantesco arquivo de argumentos e isso é consenso
entre cientistas do mundo inteiro que pesquisam a chamada cognição, a capacidade do sistema nervoso de captar informações e
ligá-las entre si. Pois, em todos os testes de comunicação verbal, o sexo
feminino se sai muito melhor. As mulheres aprendem novas palavras mais depressa
do que os homens e, ainda, usam todos os recursos do vocabulário com mais
criatividade.
Nota: O artigo acima foi
escrito por Carlos Luppus com adaptações do livro: O Cérebro Consumista, do Dr. A.K. Pradeep.
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