segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O CÉREBRO DA MULHER PRIMITIVA E O MARKETING

by Carlos Lupus 




          O dia amanhece. Na escuridão da caverna, a mulher consegue visualizar os primeiros raios de sol acompanhados de movimentos ruidosos de animais que circundam a área primitiva. A mulher acorda com o olhar abatido de uma noite mal dormida, com tempestades, raios e trovões. Ela, as crianças e o seu companheiro não conseguiram fechar os olhos. O perigo de morte era iminente ao grupo de hominídeos ali presentes, dentro da caverna, totalmente indefesos diante de possíveis ataques proporcionados por animais de grande porte, que poderiam penetrar na caverna buscando a proteção diante de chuvas torrenciais e possíveis alagamentos intransponíveis.
          Mesmo com todas as dificuldades da noite, a mulher com uma criança ao colo, ainda recém-nascida, faminta, se organiza de forma precária para caminhar em regiões próximas à caverna em busca de comida. Ela apresenta o seu corpo esquálido, os seus braços e pernas estão enfraquecidos pela fome  e pela sede. A criança que amamenta ao colo,   vem retirando o pouco de água e nutrientes que consegue reter em seu sangue.
          À medida que caminha, outras mulheres, meninas adolescentes e crianças se  aproximam. Juntas, elas buscam frutas silvestres e tubérculos no solo. Enquanto algumas mulheres param de caminhar para acolher e proteger as crianças que já estão dormindo em função do cansaço da caminhada, outras seguem de forma corajosa com o objetivo de colher grãos, raízes e, até roedores  e  pequenas cobras.
          O grupo de mulheres sempre permanece próxima uma das outras  diante  do perigo de ataques de predadores. Buscam  proteger as crianças, instintivamente proteger a prole, a espécie.  Sabem por instinto de sobrevivência através do seu córtex pré-frontal, que não devem enfrentar animais predadores de grande porte, porque não teriam como vencê-lo em função de sua fraca estrutura muscular e habilidade no uso de instrumentos de caça.
          O grupo de mulheres e crianças passam  o dia buscando, armazenando e transportando alimentos; comunicam-se de forma intensa; passam a desenvolver, ainda de forma primitiva, a empatia.
          Na vida primitiva, as mulheres desenvolviam essas atividades em busca da sobrevivência, de forma contínua, já que os alimentos eram escassos, não estavam à disposição em lugar próximo à caverna.
          Com o contato bastante próximo entre as mulheres e sua prole, elas desenvolveram de forma gradual, a capacidade de melhor se comunicar com os seus pares, sobretudo nos momentos mais difíceis em que se fazia necessário cuidar dos membros mais velhos, doentes e até das crianças que ainda não conseguiam se  expressar de forma compreensiva às suas mães.
          Em geral, as mães conseguem interpretar de forma correta se o bebê está chorando de fome, raiva, medo, tédio ou sono. Durante o dia, enquanto ela cuida da sua cria mais jovem, o hormônio ocitocina flui por todo o seu corpo, trazendo-lhe a calma e a doçura característica do fato de ser mãe.
          As mulheres, em especial as mães, têm uma grande capacidade de percepção do que o outro está sentindo, principalmente se for filho. Em função do trabalho desenvolvido pelas mulheres desde os primórdios da civilização humana, ou seja, o cuidado com a prole,  ficou evidente demonstrar que a proximidade diária com os membros da família, fizeram com este grupo social desenvolvesse um cérebro feminino condicionado a pensar na coletividade. A mulher reage de forma bastante positiva a outros grupos de mulheres, gosta de participar de atividades em grupo, comunicando-se de forma rápida e natural diante dos seus comuns.
          Nesta época primitiva, ao se aproximar a noite, os homens da tribo retornavam  à caverna, trazendo alguns animais abatidos que seriam distribuídos aos membros da família, fornecendo-lhes proteínas e calorias necessárias à sobrevivência.
          As mulheres comemoravam  a chegada de alimentos, era motivo de alegria e sobrevivência, principalmente para os filhos menores. Os homens responsáveis pelo abate dos animais, regozijavam-se  pelo feito. As mulheres, principalmente as mais jovens, avaliavam  cuidadosamente quais deles seriam os seus melhores parceiros sexuais e os melhores caçadores.
          Enquanto o pequeno grupo de hominídeos compartilha e comemora a refeição generosa do dia, ouvindo os relatos heroicos de outras caçadas, a mulher senta ao lado do seu companheiro, normalmente acompanhada de um bebê adormecido em seus braços.
          A noite se aprofunda, a temperatura cai no interior da caverna, o frio domina, as comemorações terminam. Logo, um novo dia surge. A mulher já está de pé para desenvolver uma nova rotina de trabalho com rapidez e eficácia.
          Este modelo de eficácia por parte da mulher na gestão familiar está relacionado à modelagem do seu cérebro pela mãe-natureza. Com um número maior de conexões entre os hemisférios direito e esquerdo do que o cérebro masculino, o cérebro feminino consegue realizar tarefas simultâneas.
          Em pesquisas realizadas junto ao cérebro feminino, conclui-se que o corpo caloso que conecta os dois hemisférios cerebrais é mais desenvolvido nas mulheres do que nos homens.

Evolutivamente, qual é a importância que tem para o marketing o cérebro multitarefa da mulher?

          Os profissionais de marketing que desenvolvem mensagens publicitárias para atingir o público feminino, devem prestar atenção ao fato de que as mulheres somente se concentrarão diante das informações que poderão facilitar o seu trabalho, como também tudo aquilo que festejar a sua individualidade, ressaltando sobretudo o seu jeito feminino de ser.
          É importante destacar que a vida agitada das mulheres que trabalham e tem dupla jornada de trabalho em seus lares junto à sua família, apresentam o corpo inundado pelo cortisol (hormônio do estresse) que acelera os seus batimentos cardíacos  e aumenta o seu nível de ansiedade.
          Comparando a evolução cerebral da mulher, verifica-se que o cérebro atual tem muito mais ocupações cotidianas do que o seu predecessor. As ocupações profissionais são múltiplas e as necessidades familiares são impregnadas de compromissos. Assim sendo, os profissionais de marketing devem fazer com que a sua marca, produto ou loja se transforme em um centro de networking para os seus consumidores atuais e para outros que poderão vir. Ofereça às suas consumidoras os links e as últimas novidades do Twitter ou Facebook, aulas de culinária e outras atividades que possam permitir maior conectividade com o mundo.
          Para concluir, é importante que os profissionais de marketing saibam que o cérebro da mulher, mais do que o do homem, é um gigantesco arquivo de argumentos e isso é consenso entre cientistas do mundo inteiro que pesquisam a chamada cognição, a capacidade do sistema nervoso de captar informações e ligá-las entre si. Pois, em todos os testes de comunicação verbal, o sexo feminino se sai muito melhor. As mulheres aprendem novas palavras mais depressa do que os homens e, ainda, usam todos os recursos do vocabulário com mais criatividade.


Nota: O artigo acima foi escrito por Carlos Luppus com adaptações do livro: O Cérebro Consumista, do Dr. A.K. Pradeep.
                   
                    
                    
                   

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