sábado, 21 de maio de 2011

Quem não sabe para onde ir, qualquer lugar serve.


Por volta de meus 12 anos de idade, eu e minha mãe morávamos na casa de minha tia em um pequeno apartamento em Botafogo, Rio de Janeiro.
Nesta época, todos nós passávamos por uma situação econômica difícil. Minha mãe e a minha tia sobreviviam, executando pequenos trabalhos, que pouco davam para pagar as despesas da casa, já que a família era numerosa.
Em um determinado dia, lembro-me, como se fosse hoje, minha mãe, comunicou-me, que não teria mais condições de continuar a arcar com as despesas pertinentes aos meus estudos. Embora eu tivesse bolsa de estudo integral, precisava arcar com as despesas complementares, como transporte, alimentação, uniformes, livros, etc.
A notícia caiu como uma bomba atômica, já que o meu grande sonho na época era terminar os meus estudos na universidade. Parando de estudar e entrando no mercado de trabalho, poderia desanimar e o sonho poderia ficar mais distante.  Além do mais, minha pouca idade dificultava o meu acesso ao mercado de trabalho.
Após o jantar,  desci do apartamento em que morávamos, abatido, pensando em uma possível solução para o problema. Ao olhar para o céu, visualizei uma quantidade imensurável de estrelas, algumas mais próximas, outras  mais distantes da Terra. Neste momento, tive a intuição de escolher, dentre todas as estrelas visíveis ao olho nu, aquela mais distante, que irradiava aos nossos olhos, uma visibilidade quase fantasma. E aí, pensei, LÁ ESTÁ O MEU FUTURO! NÃO POSSO DESANIMAR. VOU DEMORAR, MAS VOU CHEGAR LÁ. Embora, longínqua, ele existia, era possível. Não seria a falta de dinheiro que me impediria de atingir o meu sonho acadêmico, porque nós somos do tamanho dos nossos sonhos. Quem pensa grande, poderá não ser grande, mas, possivelmente, não será pequeno.
Sem ter a mínima noção do que realmente estava fazendo ali, naquele instante, eu estabeleci uma linha imaginária entre o meu momento presente e o futuro, pouco provável, já que era bastante jovem. Mentalmente, estabeleci uma meta a ser alcançada, sem prazo definido. Apesar das inúmeras dificuldades por que passaria, tinha a plena convicção de que a vitória seria alcançada. A partir dali, passei a construir a minha marca pessoal e profissional, tinha plena confiança de que através dos estudos conseguiria uma vida melhor. Ou seja, eu sabia para onde gostaria de ir.
Imediatamente, comecei a imaginar uma forma de ganhar dinheiro para custear os meus estudos. Inicialmente, pensei em trabalhar com o pipoqueiro, mas, desanimei, porque ele queria pagar o salário com sacos de pipoca. Pipoca não paga passagem de ônibus, pipoca não compra livros, mas pode amenizar a fome. Não era o meu caso. "Eu precisava que chovesse na minha horta."
Observando com atenção, verifiquei que havia um bom fluxo de carros estacionando nas calçadas próximas ao magazine Sears Roebuck , que era uma espécie de shopping daquela época.
Não perdi tempo, arrumei uma flanela “velha de guerra”, e no outro dia, lá estava, tentando orientar os motoristas de carros a estacionarem os seus veículos, para melhor acessarem às compras.
Com este pequeno investimento, desenvolvi a minha primeira aventura no mundo do empreendedorismo, sendo naquela época, o que se chama, hoje, de “flanelinha.” Todas as noites, lá estava eu, cheio de orgulho e boa vontade para agradar aos meus clientes. Em troca, recebia moedas, algumas notas e até agradecimentos, o que me estimulava a continuar.
Como a quantidade de carros variava de acordo com os dias da semana e as condições climatológicas, a minha receita diária, também, oscilava. Assim sendo, aprendi a poupar. Embora, os recursos monetários fossem pequenos, com a poupança, eles rendiam  um pouco mais.
Com esta simples estratégia de sobrevivência, consegui ultrapassar as dificuldades do momento, e a partir daí, me senti mais fortalecido para vencer outros desafios em busca do meu sonho dourado:  CHEGAR À UNIVERSIDADE.


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