quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Já falou de... com seus filhos?

Há três semanas, recebi um e-mail do pai de uma aluna que agradecia pelo fato de ter despertado o empreendedorismo em sua filha. Ela realmente tinha sido uma das melhores da classe. E a novidade é que parecia estar muito mais engajada no negócio da família.
Notei algo semelhante em Babson College há duas semanas. Conheci a Catherine Portner, uma aluna de MBA que planejava reerguer o negócio do seu tataravô.
O problema é que o tal negócio, a cervejaria Robert Portner Brewing Co, tinha fechado as portas em 1915, diante da Lei Seca, e nenhum dos seus familiares teve interesse em retomá-la.
Será que Robert Portner não teria ficado decepcionado com seus filhos que não levaram o seu negócio adiante, como fizeram os familiares dos seus concorrentes? Imaginei que isto também fosse parte da preocupação do pai da minha aluna e de muitos outros pais, empreendedores ou não, a respeito do futuro profissional dos seus filhos.
Mas até que ponto educamos nossos filhos para que sejam realmente empreendedores? A imensa maioria dos pais se preocupa em programar seus filhos para serem bons empregados, e não bons empreendedores de suas carreiras profissionais, em um momento em que o emprego se torna cada vez mais momentâneo, frágil e impessoal.
Mas será que podemos incentivar o comportamento empreendedor em nossos filhos? Muitos empreendedores acreditam que sim.
Salim tinha 8 anos quando pediu uma bicicleta ao pai. Para sua surpresa, recebeu dois sacos de laranja e um canivete. Foram para a frente do estádio de futebol da cidade para vender laranjas descascadas. No final do dia, Salim foi contar o dinheiro.
"Aprendi a comprar a bicicleta e o que mais quisesse na vida", diz Salim Mattar, fundador da Localiza Rent a Car. Com isto, aprendeu a se virar em qualquer situação. Meyer também tinha mais ou menos a mesma idade de Salim quando ficou sabendo que precisava usar óculos. Ele e seu pai foram a uma ótica para consultar o preço dos óculos desejados.
Já na segunda ótica, ele fica radiante ao falar para o pai, na frente do vendedor, que os mesmos óculos estavam muito mais baratos do que na primeira loja. Seu pai o tirou da loja para lhe dar a maior bronca da sua vida. Ia começar a negociar um preço melhor com o vendedor, quando o menino atrapalhou seu plano. Com isto, Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, aprendeu a comprar.
Ainda menino, Alair ficava maravilhado em ver como seu tio, dono de um mercadinho, apresentava o arroz que vendia a granel para suas clientes. Ele espalhava uma amostra sobre um tecido azul escuro que destacava a brancura do arroz.
A qualidade do produto ficava nítida e era vendido rapidamente. Desta forma, Alair Martins, fundador do Grupo Martins, aprendeu que a qualidade em si pode não ser suficiente, é preciso destacá-la. Com isto, aprendeu a vender.
Apesar da saúde frágil, Carl Page, professor de ciência da computação da Michigan State University, não se cansava de ensinar a seus filhos, Carl Jr. e Larry, sobre as inúmeras aplicações da computação.
Anos depois, Carl Page Jr. se tornou milionário ao fundar o eGroups e vendê-lo ao Yahoo! por US$ 432 milhões. Quanto ao outro filho, Larry Page... bem, ele cofundou o Google.
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Marcelo Nakagawa é professor e consultor de empreendedorismo e inovação

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